(Brasil). Por ocasião do Dia Nacional de Combate à
Intolerância Religiosa, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil -
CONIC - divulgou no dia 14-01-2011, uma nota.
“Amarás o
Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito.
Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é:
Amarás teu próximo como a ti mesmo.” (Mateus 22,37-39)
Caros irmãos e irmãs,
Paz e bem!
A parábola
do Bom Samaritano ajusta-se bem à reflexão sobre "quem é o meu próximo".
Nesta parábola, Jesus quis demonstrar que a caridade, a salvação da alma
independe do credo religioso que se professa. O que importa é auxiliar o próximo,
independentemente dele professar ou não a nossa religião.
Na
história das grandes religiões monoteístas – cristianismo, islamismo e judaísmo
– temos momentos de convivência harmoniosa e respeitosa, mas também períodos de
grande intolerância e violência, seja entre as diversas religiões, ou mesmo no
contexto intra-religioso. A humanidade tem passado por grandes transformações,
mas estas não conseguiram superar o preconceito e a intolerância. O respeito às
diferenças é fundamental. Como diz Aristóteles, enquanto o respeito constitui
uma virtude que nunca pode pecar por excesso, porque quanto mais respeito se
tem mais se ama, a tolerância é o exemplo de uma virtude que se obriga ao meio
termo porque, em excesso, resulta em indiferença, e, em falta, traz o sabor da
intolerância.
No século
XX, ocorreram muitas guerras e conflitos religiosos, e o holocausto sofrido
pelos judeus manchou indelevelmente a história da humanidade com o manto da
intolerância. No mundo globalizado do século XXI, o preconceito e a intolerância
se apresentam em novas formas, procurando legitimação sob o manto de luta
contra o terrorismo. Os movimentos de migrações humanas, em que vemos inúmeros
campos de refugiados espalhados pelo mundo, nos colocam frente a frente com a
crise do modelo econômico capitalista,
que aumenta a desigualdade social, e amplia a tensão entre diferentes culturas.
Neste contexto, aparece um campo minado no qual os preconceitos e intolerâncias
se potencializam e crescem.
No Brasil
a situação não é diferente. Sofremos o impacto das transformações que ocorrem
no mundo, e carregamos ainda uma enorme dívida social e histórica, que juntos
geram o preconceito de classe e a discriminação racial. Nestas condições, o
preconceito e a intolerância tendem a se perdurar nos mais variados espaços: no
trabalho, nas escolas, nas universidades, nos meios de comunicação em geral e,
infelizmente, também dentro dos vários segmentos religiosos.
O Dia
Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado no dia 21 de janeiro,
quer contribuir para transformar esta realidade. De acordo com o IBGE, os
brasileiros se declaram praticantes de mais de 30 religiões diferentes. A
diversidade é uma das nossas grandes riquezas e precisamos estimular na
sociedade a convivência pacífica dentro das diferenças religiosas.
Infelizmente, desde a colonização, quando os negros foram trazidos à força como
mão-de-obra escrava para o Brasil, e seus valores, sua cultura e sua religião
lhes foram arrancadas, ou quando os judeus, fugindo da Inquisição na Europa,
foram obrigados a se converter ao cristianismo, tendo de adotar o Brasil como
pátria, que convivemos com a intolerância religiosa em nosso país. Cristo
pregou o amor ao próximo e podemos afirmar, como cristãos , que a base da
tolerância está calcada na figura de Cristo, que nos passou todos os ensinamentos
de como amar o próximo como a nós mesmos. Ao renunciar a si mesmo em favor da
humanidade, ele nos deu o exemplo do que devemos fazer. Em suas pregações, nos
alerta de que devemos ser severos para conosco mesmos e indulgentes para com o
próximo, e não o contrário.
A
intolerância religiosa ainda está presente no cotidiano de milhões de brasileiros
e brasileiras, e deve ser denunciada e
combatida. Não podemos permitir, que em nome de Deus, perseguições e
desrespeito à dignidade humana sejam perpetrados. O Conselho Nacional de
Igrejas Cristãs do Brasil quer conclamar toda a sociedade e religiões do Brasil
a celebrar, no próximo dia 21 de janeiro, o Dia Nacional de Combate à
Intolerância Religiosa. Somos chamados a colocar em prática o mandamento de
Jesus de amar teu próximo como a ti mesmo. Em assim fazendo, estaremos ajudando
a construir um futuro melhor e mais inclusivo para todos, em que a diversidade
religiosa seja respeitada e garantida para todas as pessoas.
Rev. Luiz
Alberto Barbosa
Secretário
Geral
Conselho
Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil
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