O desejo de participar numa missão era já
muito antigo. Faz agora um ano que conheci as Irmãs Salesianas e foi esta a
porta que abriu caminho à experiência que vivenciei durante um mês em Moçambique.
Até chegar a Moçambique houve um caminho muito importante a percorrer e que me
ajudou a um maior auto conhecimento. O que se foi possível com a ajuda de duas
grandes irmãs Portuguesas. Bem-haja a Irmã Sameiro e a Irmã Fernanda!
No início de Agosto parti para Moçambique.
Cheguei a Maputo e no mesmo dia parti para Inharrime que se localiza na
Província de Inhambane. A viagem até Inharrime demorou 7 horas e o meu coração
batia muito forte, porque não sabia o que ia encontrar.
Os primeiros 4 dias foram muito difíceis,
porque os valores do mundo Ocidental ainda estavam muito presentes em mim.
Depois, senti que para viver verdadeiramente com esta experiência era
necessário “despir” todos os meus valores, estereótipos e preconceitos e
entregar-me verdadeiramente aquilo que me tinha conduzido até às crianças que
vivem no Centro Laura Vicuna. Só a partir desse momento consegui perceber
verdadeiramente o ser e o sentir destas pessoas que tanto precisam de nós. Aqui
pouco importa aquilo que somos e o que é verdadeiramente importante é ser capaz
de amarmos e de nos entregarmos ao outro.
O meu dia-a-dia passou por acompanhar as
crianças nas suas rotinas como o levantar, as refeições, a escola e o brincar.
Mas, aqui é preciso fazer um pouco de tudo! Também dei uma ajuda à irmã
Dolorinda a arrumar os contentores, na costura, no refeitório, a arranjar um
leitão e a limpar frangos. Distribui roupas pelas crianças. Ajudei as crianças
mais velhinhas a fazer os bolos e com elas aprendi a fazer pastéis de nata. É verdade,
foi em Moçambique que aprendi a fazer os “nossos” pastéis de nata. Conheci as
machambas das irmãs e as pessoas que aqui trabalham. Dar colo à Miralda foi
como que abraçar um outro mundo e um outro povo. Mas, a realidade é que estas
são crianças precisam de ser amadas, pois só assim poderão aprender a amar o
outro.
Hoje é difícil partilhar convosco toda a
experiência que vivi, porque as saudades das crianças e das irmãs são muitas.
Sinto que as palavras que partilho retratam muito pouco daquilo que vivi, uma
vez que a escrita nos inibe de partilhar verdadeiramente tudo aquilo que
sentimos, vivemos e partilhamos. Quero continuar a minha caminhada com estas
crianças, porque hoje sei que apesar de estarmos em continentes diferentes são
crianças que precisam de nós. Um pequeno gesto faz toda a diferença. Eu quero
continuar a ter presente este projeto no meu coração e lanço-vos o desafio de
também abraçarem este projeto.
Rita Valinho
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