16 novembre 2018

Da Inspetoria Santa Teresinha - Manaus (Brasil)

Trabalho Missionário entre o Povo Hupda de Vila Fátima, no Distrito de Iauaretê - AM

Lidiany Pereira Viana

“Vai, meu irmão, minha irmã! Lá, em tua nova missão, em tua nova terra, em tua nova pátria, anunciarás Jesus Cristo e o seu Evangelho, servirás aos pobres, aos excluídos do banquete da vida, lavando-lhe os pés, falarás com quem nunca andou ou não anda mais conosco. Tu te aproximarás com muito carinho a um povo com cultura e tradições diferentes. (...). Jamais violentará a alma do povo, que doravante será o teu povo! Oferecerás simplesmente o testemunho de tua fé, de tua esperança, do teu amor...” (Dom Erwin Krautler).
Estamos presentes no Distrito de Iauaretê desde 1930, há 88 anos, educando e evangelizando gerações e gerações de indígenas pertencentes às várias etnias existentes na região: Tariano, Tukano, Piratapuia, Desana, Arapaço e hupdas.
O território de Iauaretê é o maior núcleo populacional da Terra Indígena Alto Rio Negro, a qual abrange uma área de 8 milhões de hectares e está localizada dentro dos limites do Município de São Gabriel da Cachoeira/Am.
O trabalho das FMA com o Povo Hupda (1) de Vila Fátima teve início no ano de 1997. No início, consistiu em animação missionária e catequese do Povo Hupda. A partir de 2015, a nossa presença missionária junto a esta etnia começou a tomar mais corpo. Ir. Ângela Cardoso e Ir. Rosalina Lemos, em nome da Comunidade M. Auxiliadora, deram um caráter mais sistemático ao serviço junto à comunidade: Todas as quartas-feiras é desenvolvido o Projeto “Tecendo Cidadania” com as mulheres Hupdas, com o objetivo de através da confecção de artesanato as mesmas possam crescer na autonomia e autoestima, de maneira que as suas famílias sejam atingidas por esta perspectiva: são capazes e podem e estão crescendo em cidadania e dignidade de vida.
A partir deste ano, 2018, os jovens hupdas foram convidados a participar de formações para lideranças, segundo as linhas de Formação da Pastoral da Juventude do Brasil. No primeiro momento ficaram tímidos, mas foram bem acolhidos pelos demais jovens indígenas pertencentes aos grupos de base da Pastoral da Juventude do distrito de Iauaretê. Após a formação, este grupo de jovens hupdas se tornaram os interlocutores dos anseios dos demais jovens hupdas da comunidade de Vila Fátima, crescendo assim no protagonismo e na participação ativa nas atividades culturais, atividades estas, das quais, antes, os mesmos não participavam devido a discriminação que sofriam.
O terceiro passo dado foi em relação ao Oratório Salesiano aos sábados em Vila Fátima. O mesmo foi solicitado pela Comunidade hupda. E assim, todo sábado lá estamos, levando brincadeiras e também uma presença amiga, materna, que os acolhe do jeito que são e que procura ajudá-los a crescer em cidadania e autonomia, lhes fortifica a fé. Com nosso jeito salesiano, procuramos ser o sinal do Amor de Deus para eles, esta porção pobre, mas muito rica de valores culturais.
O que é mais gratificante é perceber o crescimento destes em dignidade humana, o crescimento do respeito por parte dos outros grupos étnicos do distrito.
Somos acolhidas na comunidade de Vila Fátima por um sorriso sincero das crianças hupdas, somos tocadas por mãos que chegam ao nosso coração e olhares que nos dizem que têm muita sede de vida e vida em abundancia e dignidade.
O nosso próximo desafio é ajudá-los na continuidade dos seus estudos, de maneira que consigam terminar o ensino médio, tornando-os assim, aptos a participarem de cursos referentes à educação e saúde, capacitando-os para que sejam eles os interlocutores das demandas da saúde e educação do próprio Povo.
Este é um caminho que nos integra na dinâmica da Laudato Sì’: Ecologia integral e nos põe em comunhão com o Sínodo Pan-Amazônico a se realizar em 2019.


(1) Uma das 23 etnias da região do Alto Rio Negro. É considerada a etnia mais inferior pelos povos indígenas da região do Alto Rio Negro.



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